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Viagem de Caravana a Marrocos (Parte 2)

  • Writer: Carlos Cunha
    Carlos Cunha
  • Oct 28, 2024
  • 7 min read

Updated: Dec 5, 2024

Olá, caminhantes descalços!


Voltamos à nossa viagem por Marrocos (lê a parte 1 primeiro). Fiquem com as nossas aventuras:


Dia 4


Acordámos e parecia que o tempo tinha parado, tudo estava estático, apenas sons de animais cuja origem não conseguíamos identificar. Momentos como este fazem-nos perceber que ao sair da rotina imposta por esta sociedade, passamos a fazer parte de um planeta com tanto a oferecer.Depois, pegámos na prancha de stand-up paddle e fomos explorar o lago. Vimos muitas tartarugas, rãs que cantavam à noite e vários peixes. Remámos até uma pequena praia acessível apenas por água e ficámos lá por um tempo, contemplando tudo ao nosso redor e atirando pedras para a água a saltar (sabes o que quero dizer).Voltámos para a caravana com os estômagos vazios e cansados de remar. Comemos e descansámos um pouco.


Após um bom descanso, percebemos que a internet tinha deixado de funcionar. Decidimos ir à cidade mais próxima para resolver o problema e fazer algumas compras. Comprámos um cartão com um código que precisava de ser ativado e achámos que enviar o código para o 555 ativaria a internet. Tivemos internet por um momento, mas não durou muito (mais tarde, explicarei como ativar e ter internet facilmente em Marrocos).


Não encontrámos nenhum mercado, então seguimos para outra cidade onde fizemos as compras.Passámos pouco tempo nessa cidade (M'Diq), que fica junto ao mar com praias, a maioria dos edifícios eram novos, as ruas estavam renovadas e tinha um nível de vida alto para Marrocos.


Era hora de encontrar um novo local para passar a noite. Ficámos novamente junto ao lago, mas desta vez com uma vista panorâmica. Caminhámos até ao lago, tocámos handpan (não sei tocar, mas quero aprender) e assim terminava mais um dia da nossa viagem.


Dia 5

2 pessoas a relaxar junto ao rio, debaixo de uma árvore
A relaxar depois da caminhada

Planeámos usar o dia para trabalhar e relaxar, mas não foi bem isso que aconteceu. Durante a manhã, trabalhámos ao som dos pássaros a cantar, cabras a passar, um burro a fazer-se ouvir ocasionalmente e crianças que sempre nos saudavam com “hello” ou “bonjour”.


Depois de uma sessão de trabalho relaxada e com as barrigas cheias, fomos caminhar, descalços como sempre, até ao lago, mas desta vez do lado oposto ao de ontem. Cada passo tornava o caminho mais desafiador e doloroso para os pés, mas a vontade de chegar ao lago mantinha-nos em frente.


Acabámos no meio de espinhos e plantas desagradáveis de pisar, o chão estava a escaldar e os nossos pés já estavam a ceder. Conseguimos chegar lá, foi quase desesperante. Sabíamos que teríamos de voltar, mas por agora queríamos aproveitar a sombra de uma árvore à beira do lago, onde tanto lutámos para chegar. Até dei um mergulho para refrescar.


Tinhamos de voltar e seguir o mesmo caminho não era uma opção mas o caminho de regresso foi igualmente doloroso. Aconselho-vos a usar calçado próprio para evitar esta situação.O resto do dia foi passado a desfrutar da vista do lago e dos sons da natureza.


Dia 6


Acordámos de novo com os sons dos animais. Hoje era o dia de deixar este local. Precisávamos de fazer algumas compras, resolver o problema persistente da internet e visitar Chefchaouen. A viagem foi tranquila pelas montanhas (não sabia que Chefchaouen ficava nas montanhas) e, ao chegar, fomos a uma loja oficial da Maroc Telecom para finalmente resolver o problema da internet.


Explicaram-nos claramente o que fazer para ativar a internet:


  1. Comprar um cartão SIM da Maroc Telecom.

  2. Comprar um código (um cartão com um código) que pode ser de 7GB (50 Dirhams) ou 15GB (100 Dirhams).

  3. Inserir o cartão SIM no telemóvel.

  4. Ligar para 555 e selecionar a opção 1.

  5. Introduzir o código seguido de 3 (exemplo: xxxxxxxxxxxx3) e a internet é ativada. (Se tiverem dúvidas, enviem mensagem).


Chefchaouen
Chefchaouen

Chefchaouen é uma cidade única pela sua cor azul, que lhe dá um charme especial, mas é uma típica cidade montanhosa voltada para o turismo. Depois de visitar Chefchaouen, decidimos ir para a costa oeste de Marrocos. Chegar lá foi desafiante, cerca de 3,5 horas de estradas montanhosas com infinitas curvas e alguns trechos com mau pavimento. Ao chegar ao local escolhido, tivemos que percorrer 2 quilómetros de um trilho muito acidentado, ultrapassando os limites do que a nossa caravana podia enfrentar fora de estrada, mas conseguimos, a caravana nunca nos deixa ficar mal.


Ficámos num penhasco junto à praia, um local muito tranquilo, sozinhos (apenas ocasionalmente passava um carro), a 5 minutos da praia. Era uma área patrulhada pelo exército devido à proximidade com Espanha (porta de entrada para a Europa) e pediram educadamente os nossos passaportes.Só tínhamos baterias para ver a praia e recarregar as energias após um longo dia com uma viagem difícil.


Dia 7


Este dia foi muito relaxado. Passámos a manhã a trabalhar, mas o nosso tanque de água estava vazio e nós no meio do nada. Usei dois garrafões para buscar água numa nascente próxima.


À tarde, tentámos surfar com a prancha de stand-up paddle mas, como esperado, não funcionou muito bem. A prancha é muito grande para apanhar ondas mas pelo menos tentámos.


À noite, depois de uma sesta, fomos atacados por mosquitos, o que nos manteve dentro da caravana.


Finalmente, consegui internet (a internet estava boa, mas o local era tão remoto que não tínhamos sinal) para fazer uma videochamada com o meu pai (é sempre muito importante manter conectado com as pessoas que amamos, mesmo que às vezes estejamos longe).Mais tarde à noite, fomos à praia para sentir a liberdade de viver numa caravana - foi incrível.


Após este dia, as nossas baterias estavam recarregadas novamente.


Dia 8


Saímos do nosso local em direção à cidade mais próxima para comprar comida e reabastecer a água.


Asilah é uma pequena cidade, mas suficiente para as nossas necessidades, embora não tenhamos conseguido encher a água. Conduzimos por algum tempo até um novo local junto à praia e, ao chegar, tivemos que pagar 20 dirhams (nunca pagamos para passar a noite, mas estávamos cansados da viagem e fizemos uma exceção).


Ainda tivemos tempo para um mergulho no mar e para apanhar sol numa praia que parecia um pouco turística.


Ao anoitecer, o vento estava muito forte e como estávamos estacionados num penhasco, a caravana abanava bastante. Então, decidimos ir para o centro da cidade, onde o vento era menos sentido porque não é confortável dormir com a caravana sempre a mover-se.


Era muito tarde, encontrámos um lugar que parecia bom para dormir, apesar de estar entre casas pelo menos não tínhamos o vento. Acabámos por adormecer após um dia de viagem cansativo.


Dia 9


Acordámos na cidade com o barulho dos aviões a decolar e a aterrar. Quando olhámos pela janela, percebemos que estávamos estacionados junto ao aeroporto de Tânger, sem termos notado quando chegámos à noite.


Foi uma manhã diferente, o nosso objetivo era sair o mais cedo possível para um lugar melhor. Primeiro, enchemos a água num parque de campismo (apenas perguntámos se podíamos encher a água, outro local para encontrar água é nos cemitérios), abastecemos o depósito de combustível e fomos até Tetouan, na costa leste de Marrocos, para escapar ao vento que ainda soprava.


Encontrámos um local mesmo na areia, onde as ondas quase tocavam na caravana. Neste momento, acabámos de chegar e estou a escrever-vos enquanto a Lisa descansa, merecidamente, após conduzir 3 horas por estas estradas de montanha.


São 18h, o resto do dia será passado a trabalhar e sabe tão bem sentar-me na praia com o som das ondas enquanto escrevo sobre as minhas experiências - não tenho palavras para o que sinto.


Até amanhã.


Dia 10


Tenho más notícias: a Lisa acordou doente, com dores no corpo.


Vai ser um dia de descanso para ela, vou cuidar dela o melhor que posso e aproveitar para adiantar algum trabalho pendente.


Tenho de dizer que ter uma caravana equipada com casa de banho é uma grande ajuda para o nosso conforto em situações como esta.


Foi um dia muito tranquilo para mim, mas preocupante por causa da Lisa.


Dia 11


A Lisa acordou a sentir-se melhor, por isso voltámos ao lago onde estivemos no dia 5, mas desta vez ficámos mesmo junto à água. Depois de um dia mais descontraído, vamos tentar aproveitar ao máximo os nossos últimos dois dias em Marrocos.


Quando chegámos, foi impossível resistir à maravilhosa água e passei algum tempo a nadar, rodeado de montanhas e num silêncio absoluto. Já conhecíamos este lugar e foi maravilhoso apenas desfrutar da paz que a natureza nos oferece.


Aproveitámos também para fazer alguma manutenção na caravana, nada de especial - ela está sempre pronta para enfrentar novas estradas.


Dia 12

Pequeno almoço junto á caravana
Pequeno almoço da Lisa

Hoje é o dia de apanhar o ferry de Ceuta para Algeciras. É uma mistura de sentimentos: por um lado, tristeza por deixar Marrocos, por outro, os nossos corações estão cheios de felicidade porque estamos a fazer o que mais amamos - viajar de caravana.


A fronteira demorou algum tempo, como esperado, a inspeção da caravana foi mais detalhada.


Utilizaram um cão para verificar drogas e tivemos de abrir as portas várias vezes. Honestamente, não percebi por que tivemos de abrir as portas tantas vezes, mas correu tudo bem.


Apanhámos o ferry no final da tarde e, após 1,5 horas, estávamos de volta à Europa.


A ideia era ficar no mesmo local onde estivemos no dia 2, antes de apanhar o ferry e no dia seguinte seguir para uma praia no sul de Espanha.


Dia 13


E foi isso que fizemos. Neste dia, fomos a uma praia no sul de Espanha, a melhor praia de toda a viagem. Para ser sincero, não encontrámos grandes praias no norte de Marrocos. Na minha opinião, para o norte de Marrocos, é melhor ir aos lagos nas montanhas.


A temperatura da água estava perfeita para os últimos mergulhos da viagem. Acreditem, passámos horas na água. Depois de um dia inteiro na praia, de regresso à caravana tivemos um momento algo emotivo, pois sabíamos que seria a nossa última noite na caravana nesta viagem. Sentimos que viver na caravana deve ser o nosso destino. Acredito que as lágrimas são o corpo a tentar falar connosco.


O local não era muito tranquilo para dormir. Sabíamos que, por estarmos perto da estrada, provavelmente iríamos ouvir barulhos de carros, mas o problema foi que alguns carros pararam perto da caravana e apontaram luzes para ela, além do barulho que faziam.


Ficámos ali até adormecermos.


Dia 14


Dia de regressar à Alemanha.

Apenas conduzimos até ao aeroporto de Faro e apanhámos o avião de volta. Foi uma viagem incrível com a pessoa perfeita. Não consigo colocar em palavras a sensação de liberdade e o prazer que temos ao viajar.


Se tiverem alguma questão, precisarem de conselhos ou apenas quiserem partilhar experiências, sintam-se à vontade para nos contactar.


Na nossa próxima viagem, vamos percorrer a Europa para preparar a caravana para a jornada definitiva. Acompanhem o blog e não percam as nossas aventuras pelo mundo.


Não te esqueças:

Se fores lá,


Carlos

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