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Egito Além das Pirâmides: Uma Aventura Entre Sal, Deserto e História

  • Writer: Carlos Cunha
    Carlos Cunha
  • Nov 28, 2024
  • 5 min read

Apenas como nota inicial, toda esta viagem foi feita sempre descalços, como sempre, desde que a temperatura assim o permita.


A nossa aventura começa por apanhar o avião de Düsseldorf para Istambul e de Istambul para Alexandria. Chegamos às 1h30 da manhã e ainda tínhamos mais 1 hora de caminho até chegar a casa. Tentámos procurar autocarros, a essa hora já não havia nada. Até que nos cruzámos com o Muhammad (motorista de Uber), que disse que nos levava a casa. Entrámos no carro mas o carro não pegava. Ele chamou algumas pessoas que por ali passavam para empurrar e lá pegou.


Chegámos a casa por volta das 3h da manhã e seguimos os passos que a senhoria nos indicou: basicamente, a chave estava dentro de uma caixa com código. Seria apenas abrir a caixa com o código que ela mandou, pegar na chave, abrir a porta e estava feito. Parece fácil, ao abrir a caixa não havia nenhuma chave. Ouvíamos barulho da TV dentro da casa e eu disse para a Lisa: “Parece que está gente lá dentro.” Sabíamos que eram 3h da manhã mas não tivemos escolha e tocámos à campainha.


Cidade de Alexandria, Egito
Cidade de Alexandria, Egito

De dentro da casa, disseram que a tinham alugado até ao fim da semana e nós dizíamos que a casa estava alugada a nós. Ligámos à senhoria e ela percebeu que se tinha enganado na casa. A nossa era ao fundo do corredor. Portanto, depois de incomodar os vizinhos, encontramos a nossa chave e fomos para casa descansar.


No dia seguinte, acordámos tarde e cansados do dia anterior. Fomos até à beira-mar e já deu para perceber que Alexandria é uma cidade super movimentada (lê o artigo sobre Alexandria). Ficámos 3 dias em Alexandria e além de explorar a cidade, aproveitámos para recarregar energias. A verdade é que cidades com muito movimento não são a nossa preferência, gostamos mais de sítios isolados em contacto com a natureza. Foi interessante ver a realidade do povo egípcio.


A próxima paragem é Siwa Oasis, para chegar lá temos de apanhar 2 autocarros: primeiro até Marsa Matruh e o segundo até Siwa Oasis. Serão cerca de 8 horas de viagem e pagámos cerca de 450 EGP (aproximadamente 9€). Acordámos cedo porque o autocarro é às 7h da manhã, apanhámos um táxi até à estação (senão teríamos de caminhar 1h30 logo de manhã). O autocarro atrasou 30 minutos (nada de especial). A viagem foi tranquila, feita em grande parte no meio do nada. De vez em quando víamos camelos fora isso, apenas um horizonte de areia e terra.


Chegando a Siwa Oasis, percebemos rapidamente que para nos deslocarmos bastava pedir boleia a tuktuks ou a qualquer outro veículo e depois negociar o preço.


Depois de Alexandria, queríamos encontrar um local no meio do nada mais calmo, fomos para uma praia de sal com um lago. Foi muito relaxante, deu até para dormir um pouco e brincar. Ao caminhar no sal as pernas ficavam completamente enterradas. O sol estava forte e começámos a nossa caminhada para casa, um camião passou por nós e pedimos boleia, por sorte ele parou. Conhecemos o Ahmed (motorista do camião), que nos levou até casa. Obrigado, Ahmed.


Piscina salgada em Siwa Oasis
Piscina salgada em Siwa Oasis

Queríamos conhecer as piscinas de sal mas ficam a 20 km. Ir a pé não é opção. Pedimos o preço a um tuktuk, ficava por 1000 EGP (aproximadamente 20€). Depois, numa loja de aluguer de moto 4, conseguimos 4 horas por 1200 EGP mas a Lisa negociou para 1100 EGP (aproximadamente 22€). Para nós, é a melhor opção. Alugar a moto 4 permitia ir onde quiséssemos e o preço era quase o mesmo, sem falar que nos divertimos muito mais. Também havia a opção de ir de jipe, mas deveria ser bem mais caro (não sabemos o preço).


Fomos para as piscinas salgadas, o caminho até lá parecia uma viagem no tempo: crianças a brincar descalças na rua, casas muito simples e básicas, ruas de terra, nenhum tipo de comércio, parece que estão perdidos no Mundo mas têm sempre um “olá” com um sorriso no rosto.


Estávamos por nossa conta, tentando nos orientar pelo GPS do telefone. Mesmo assim, era complicado, porque não havia ruas no GPS, apenas deserto. Tentávamos seguir na direção certa, o que era um pouco assustador pois tudo parecia igual. Chegámos à nossa primeira piscina salgada e a sensação de estar dentro daquela água é incrível. O corpo não tem peso, bóias mesmo que não queiras. É difícil pôr as pernas debaixo de água e impossível nadar. Tem cuidado para não mergulhares, a água é tão salgada que arde muito nos olhos. Leva água fresca para passares no corpo, andar com o corpo cheio de sal não é confortável. Mais à frente encontramos mais piscinas, mesmo com mais pessoas cada um fica na sua piscina e é tranquilo relaxar.


Voltando para casa, com as roupas parecendo plástico por causa do sal, tomámos um valente banho e fomos ao centro da “cidade” comer alguma coisa. Voltamos cedo para preparar as mochilas para a próxima paragem: as Pirâmides de Gizé.


Quando acordei estava muito maldisposto e o meu corpo queria expulsar tudo (no dia anterior tínhamos comido frango que provavelmente não estava nas melhores condições). Tínhamos uma viagem de 10 horas até Gizé. A Lisa sugeriu ficar mais um dia em Siwa Oasis para eu recuperar mas senti que conseguiria aguentar a viagem. Apanhámos o autocarro para Marsa Matruh e depois para o Cairo. De lá, fomos de táxi (o inDrive é o mais barato) até às Pirâmides de Gizé. Cheguei destruído, mas chegámos.


O plano em Gizé era: primeiro recuperar, explorar a cidade e obviamente visitar as pirâmides. A casa onde ficámos tinha um terraço com vista para as pirâmides.


Preçário para visitar Piramides de Gizé
Preçário para visitar Piramides de Gizé

No dia seguinte, fomos visitar as pirâmides. O preço para entrar no recinto é 700 EGP (aproximadamente 24€), mas para entrar dentro das pirâmides o preço é mais alto (vê a foto com os preços). Estar ao pé delas é realmente impressionante. Imagina um edifício de 50 andares feito com pedras (cerca de 140 metros de altura). São gigantes, com mais de 2 milhões de pedras, todas cortadas para se encaixarem perfeitamente, tudo isso feito há 4500 anos. Genial!


Dentro do recinto, há muitos camelos e cavalos que levam turistas às pirâmides. Por favor, NÃO APOIE ESTE NEGÓCIO. Os animais estão visivelmente maltratados, são completos escravos.


Temos mais 2 dias no Egito. Amanhã, vamos explorar a cidade de Gizé e no dia seguinte regressamos ao aeroporto de Alexandria para voltar para casa.


Grande Esfinge de Gizé
Grande Esfinge de Gizé

O Egito foi o país que nos trouxe mais desafios até agora. Deslocar foi difícil, comunicar com as pessoas foi complicado. É o país mais pobre em que estivemos até hoje, o que traz diferentes formas de pensar e ver a vida. Por exemplo, na rua toda a gente olhava para a Lisa (ela estava vestida normalmente, mas é muito diferente do que eles estão habituados). Não podíamos parar na rua sem sermos rodeados por pessoas querendo vender coisas ou fazer perguntas que nem entendíamos. Não podíamos mostrar afeto (uma vez, demos um beijo e um senhor ficou chateado connosco). Mas tudo isso faz parte de viajar.


Aconselho-te a ir ao Egito, não apenas pelas Pirâmides de Gizé mas pela realidade do seu povo.


Alguma dúvida, conselho ou troca de opiniões? Já sabes, manda mensagem.


Não te esqueças:

Se fores lá,


Carlos

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