10 Dias na Noruega: Aventura de Trilhos Gelados e Silêncio Absoluto
- Carlos Cunha
- Dec 30, 2024
- 4 min read
Olá Viajantes,
Já tínhamos pensado há algum tempo em ir à Noruega, mas nunca tinha surgido a oportunidade. Antes de voltarmos a Portugal para o Natal e a passagem de ano, tínhamos 10 dias sem qualquer plano e pensámos: porque não ir de carro da Alemanha até à Noruega? Assim o fizemos. Apanhámos o ferry na Dinamarca, em Hirtshals, para Kristiansand (Noruega). Alugámos uma casa simples, mas incrível, no meio da floresta, muito confortável e com um silêncio absoluto, apenas interrompido pelo vento e pelos pássaros.

A casa estava entre dois lagos e, obviamente, queríamos ir à beira da água. No dia seguinte, à nossa chegada, fizemos uma caminhada até um dos lagos, que estava quase todo congelado, o que foi ótimo porque não ficámos com os pés molhados. Este lago tem pequenas ilhas, onde quase todas têm casas de madeira perfeitamente integradas na paisagem envolvente. Como sempre, levámos a nossa garrafa térmica com chá para nos aquecer dos -5 °C que se faziam sentir, e ficámos a contemplar o que a natureza nos oferece, completamente gratuito e genial. Quando o sol se foi embora, voltámos para casa e acendemos a lareira.
Depois de um dia em casa a descansar e a pôr o nosso trabalho em dia, tentámos ir ao outro lago. Desta vez, não nos demos tão bem. É sempre agradável estar no meio da natureza, mas não conseguimos chegar perto da água porque, apesar de estarmos muito perto, havia um rochedo enorme, impossível de descer. Voltámos para casa, sabendo que iríamos voltar e tentar outro caminho até à água.
A Noruega é famosa pelas suas lindíssimas florestas e é ideal para quem gosta de fazer trilhos. Já que lá estávamos, e depois de pesquisar um pouco, decidimos fazer um trilho perto da nossa casa. Tivemos de ir de carro até ao início do trilho.
Chegámos ao trilho por volta das 11h. Engraçado que começa numa bomba de gasolina. Ao contrário das nossas caminhadas até aos lagos, este trilho estava marcado por pontos azuis em árvores ou pedras, e era “apenas” segui-los. Digo “apenas” porque não tínhamos qualquer caminho feito, nem qualquer intervenção humana (apenas duas pequenas pontes de madeira) e, muitas vezes, víamos os pontos azuis e pensávamos: “Como é que vamos conseguir chegar ali?”. Foi bastante desafiante, não recomendo fazê-lo com crianças, porque algumas partes são perigosas e o trilho é cansativo. Depois de duas horas de caminhada, parámos perto de um lago (esta zona tem imensos lagos) e bebemos o nosso chá com um pouco de pizza que tinha sobrado do jantar do dia anterior. Que bem que soube!

Continuando a caminhada, encontrámos um mapa e percebemos que estávamos a meio do caminho e voltar para trás não era uma opção. O problema é que às 16 horas já começa a escurecer e, como é óbvio, não queríamos ficar às escuras no meio da floresta. Apressámos o passo e, mesmo assim, no final foi complicado porque já não conseguíamos ver os pontos azuis que nos guiavam até ao fim. No momento, foi um pouco assustador, mas fez-nos sentir vivos, tirando-nos da nossa zona de conforto.
Depois de 6,1 km, chegámos ao carro, cansados, mas de coração cheio por estarmos a fazer o que mais gostamos: estar no meio da natureza.
É verdade que esta viagem foi, na sua maioria, para descansar e fazer caminhadas. Como te deves lembrar, ainda temos de encontrar o caminho para chegar à beira da água no lago perto da casa.
Faltavam dois dias para acabar o nosso tempo na Noruega. Perguntámos ao senhorio qual o melhor caminho para chegar ao lago e, segundo ele, tínhamos de seguir o curso de água que desagua no lago. Assim o fizemos, mas tivemos dois problemas: primeiro, o caminho era super difícil, com muitas pedras escorregadias e árvores que às vezes pareciam formar uma parede com os seus ramos; segundo, os nossos pés ficaram ensopados. Na verdade, a culpa foi nossa porque não fomos com o calçado adequado.
Ficámos muito contentes por termos conseguido chegar ao lago e beber o nosso delicioso chá. Nesse dia, não estava muito frio, mas sabe sempre bem. Fazemos sempre as nossas caminhadas com cuidado, sabendo dos nossos limites.
Esta viagem demonstrou que não é preciso um grande plano, um sítio famoso ou gastar muito dinheiro para fazer uma viagem que nos faça felizes.

Como curiosidade, durante todo o tempo que estivemos na Noruega gastámos cerca de 300 €, incluindo casa e comida. Deixo-te uma dica que pode ajudar-te a fazer uma viagem bem mais barata: se fores de carro ou de caravana, leva comida contigo para ires o menos possível aos supermercados na Noruega, pois são super caros, e escolhe um lugar que tenha atrações que gostes ao redor. No nosso caso, é estar em contacto com a natureza, o que não significa que o teu caso seja diferente. Agora não digas que viajar é muito caro. Na maoioria das vezes, são as pessoas que tornam as viagens caras, mas com pequenos truques podes fazer uma grande diferença na tua carteira.
Esta viagem acabou, é hora de voltar a Portugal. Apesar de estar quase sempre fora do país onde nasci e longe da família, é sempre bom regressar onde tudo começou.
O próximo ano vem cheio de novas aventuras, sítios para descobrir e momentos para recordar mais tarde. Afinal, a vida só faz sentido quando fazemos o que realmente nos faz felizes.
Carlos Cunha
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